sábado, 22 de maio de 2010

TURBILHÃO

Tu ontem, eu hoje,
nós sempre.

Eu nuvem, tu gaivota,
nós ceu aberto.

Tu onda, eu batel,
nós mar alto.

Tu sangue, eu carne,
nós paixão.

Tu madrugada, eu canção,
nós Poesia.

Eu chuva, tu orvalho,
nós procela.

Tu sombra, eu sol,
nós deserto.

Tu inverno, eu outono,
nós solidão.

terça-feira, 18 de maio de 2010

INSCRIÇÃO

MAIS UM POEMA DE SOPHIA

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.

ATLÂNTICO

UM POEMA DE SOPHIA


Mar.

Metade da minha alma é feita de maresia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

PARTIDA

POEMA DE PEDRO ABRUNHOSA

Quando partiste não foste tu quem saiu
Deixaste a tua alma escondida no armário da roupa de inverno
E agora que habitas casacos vazios de corpos
Esperas pela pessoa que há um mês fingiu partir pela porta da sala
Com as costas a resvalar silêncios

Nesse tempo o sol ainda se chamava sol
E a terra germinava as flores que alma e mãos semeavam

Era Verão e chovia dentro de nós.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

PROCURA

O meu beijo parou
surpreso
no desencontro da tua boca.

O meu olhar fixou-se
esbatido,
perdido,
sem sentido,
na procura do teu.

O meu sorriso fugiu,
devagar,
em esgar de dor,
de amargura,
de esquecimento.

E uma onda de soluços,
de sal,
de lágrimas.

Uma onda ede mar
bravio,
encapelado,
tempestuoso.

Abraçou meigamente o meu corpo
e devolveu-o ao Nada.

PRECE

Por Ti
eu vivo.

Por Ti
renasço.

Em Ti
desbravo
novos caminhos
ao meu cansaço.

terça-feira, 4 de maio de 2010

MÁGOA

A mágoa.

A angústia

de nunca ter sido,

de não ter conseguido.

Os teus olhos azuis a fingir que eram mar.

CAUSA

Por que não enterro os sonhos nos pântanos da vida,

no orgulho, na vaidade,

nas malquerenças.



Por que não entendo as palavras vãs

da mentira, do engano,

do desamor.



Por que não toco as trombetas do enaltecimento próprio,

antes deixo à inteligência alheia as escalas dos critérios de valor.



Por que anseio a perfeição em cada curva do caminho

e apenas me são dados fugazes momentos de imitação.



Quebro os pés de barro dos ídolos que me cercam



e refugio-me no silêncio das ausências.